22.01.09 - Régua
Dias de muito trabalho no inicio do ano,... fala-se de crise, mas nós porenquanto vamos escapando, e de escapar uns dias estou mesmo a precisar. A oportunidade de fazer e refazer rotas pelo interior de Portugal, sem necessidade de demorados planeamentos ou reservas , nem a necessidade de conjugar horários com horários mais formais e porque a data impunha-se só por si, lá vamos nós após o almoço a caminho do norte, com uma breve paragem na "Campilusa", afim de se fazerem algumas correcções necessárias ao pleno funcionamento da autocaravana.
Ali mesmo porta com porta, com a Campilusa mora um dos melhores leitões tipo bairrada, dos fornos de Manuel Júlio saem para o restaurante e para o público pequeninos, quentes e estaladiços . Partimos já a noite tinha caído, para pararmos logo mais à frente a ver a vila e o vale de Penacova e jantar ali à beira de estrada como um mendigo rico, o saboroso leitão com um espumante bruto tinto caves Aliança. Que bom!
Subir o velho e remendado IP3 é sempre mais fácil e menos perigoso do que descê-lo. Direcção a Viseu e depois A24 até à Régua para lá chegar-mos por volta da meia-noite.
Inverno puro e duro o desta noite de 22 para 23 de Janeiro. Estacionada a autocaravana em frente da Marina da cidade a ver o Douro, a pernoita foi repousante e o acordar reconfortante, pela beleza da paisagem. Um despertar sempre diferente da dos dias seguidos no dia a dia doméstico. Chove e faz vento mas a cidade mexe, e nós vamo-nos a Ela...
No bar junto à Marina, o "Bar do Cais", depois do banho matinal quentinho e sem pressas, foi tomado o pequeno almoço reforçado, que nos serviu de almoço, dado o adiantado da hora.
O Museu do Douro foi o local escolhido para passarmos a tarde do dia 23, na cidade da Régua. O Museu que reconverteu a antiga sede da Casa da Real Companhia Velha, tinha sido inaugurado pelo mal amado herói do nosso tempo, Primeiro-Ministro José Sócrates, no passado dia 20 de Dezembro, como um projecto de desenvolvimento regional âncora, para o Alto Douro Vinhateiro.
Esta estrutura tinha como principal exposição uma homenagem ao homem que ajudou a construir a paisagem vinhateira do Alto Douro, "Barão de Forrester, Razão e Sentimento, uma História do Douro (1831 - 1861)" também ele na sua época fortemente contestado e ameaçado com as suas visionárias aguardentes vinícolas, que afinal haviam de fazer o Porto dos nossos dias. Ainda uma excelente exposição, dum outro artista plástico Tito Roboredo (1934 - 1980), intitulada «Tito Roboredo. Um corpo na Primavera» . A região justificava e precisava de um Museu destes!
Peso da Régua, visitada por nós tantas vezes, é a capital da região demarcada que produz o célebre vinho do Porto. Sede da grandeza dos homens que o criaram. O sacrifício, a coragem e a paixão de um povo que esculpiu, com mestria, um berço de prodigiosa beleza. Modelação de escarpas de rocha, terra e vida que o homem operou ao longo de séculos, agora classificado pela UNESCO como Património da Humanidade, provendo panoramas espectaculares tanto observados do próprio Rio Douro, ou no alto, nos muitos miradouros da zona.
Ao final da tarde , partida do Peso da Régua a caminho de Santa Marta de Penaguião, que fica a cerca de 10 Km, e visita como é para mim sempre obrigatório , quando por aqui passo, hà guarnecida loja da Cooperativa Agrícola de Santa Marta, a laborar desde 1959, justamente há tantos anos como eu, para se fazer a habitual compra de vinhos de mesa tinto, porto vintage e vinho generoso.
A ajuda, simpatia e simplicidade habitual das gentes do norte, de duas senhoras que ficaram encantadas com a capacidade da garagem/armazém da autocaravana,...enfim,para mim uma nota negra!
E lá fomos rumo ao fumeiro de Montalegre debaixo de muita chuva, granizo e vento forte, que nos acompanhou em toda as serranias de Vila-Real por onde quase voa a A24,...
Havemos ainda de chegar a boa hora!
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