Miralta, 25 anos.

Há viagens maiores!
Tão grandes, que a data de chegada, não pode deixar de ser assinalada.

Nessa altura são os amigos que vêm até nós. É obrigatório comemorar!
E é um privilégio testemunhar, como são boa gente, boa companhia.

Assinala-se a chegada, mas também uma nova partida, mais uma vez sem términus à vista.
São vinte cinco anos de trabalho, muito trabalho, trabalho puro e duro! É o preço em estar casado com uma mulher tão bonita como a minha.Para ela imagino, igualmente dificil viver com um estafermo como eu.

Merecemos a festa.



Património e Tradições

Se me permitem,

acho muito interessante tudo o que disse neste tópico até agora. Diferentes opiniões e perspectivas que me parecem todas, sem excepção, acertadas, embora por vezes se afigurem quasi contraditórias.

Penso que o não atendimento à necessidade de manutenção do nosso património histórico edificado é um problema muito em linha com esse outro património cultural de tradições e costumes..., que corremos o risco de perder em nome da higiene e segurança,etc...

Nestes últimos trinta anos corremos muito para apanhar o chamado pelotão da frente,....estamos a caminho de "esgotar as forças" de uma segunda geração na passagem do testemunho para uma modernidade que não pode deixar de se nos afigurar acelerada.

Sabemos como tem sido dificil a gestão de parcos recursos,...na família com principal acuidade nos mais velhos (tantas vezes esquecidos), como no património edificado colectivo.

Parece-me uma questão transversal a toda a sociedade portuguesa, no momento, a priorização dos recursos! Questionável, sempre!

Sei por formação, que não é mesmo nada barato, (muito pelo contrário) recuperar património edificado. Ou se faz como deve, ou é preferível não mexer (porque estraga mais); o testemunho aos vindouros não deve ser adulterado.

Diria que no futuro " aquelas pedras" contarão a história dos que edificaram, mas também a história, dos que não conseguiram manter.

Tudo isto em linha, com as tradições e costumes,que a ASAE parece ter que destruir...dou um exemplo,para me explicar melhor:

Somos o único país na europa comunitária com serviços de lotas e vendagem de pescado,( empresa pública a acumular prejuízos),...e para assegurar a higiene no manuseamento,embalagem e transporte do pescado com a qualidade, digamos média, da comercialização feita nos restantes países comunitários não chega esse controle das lotas.

Os pescadores continuam a achar que o cachorro pode conviver com as caixas de peixe, os comerciantes acham que nada impede que as lexívias estejam por baixo da bancada, etc,etc...É preciso transpôr normas europeias de manuseamento e acondicionamento de pescado fresco,...única forma do mesmo circular além fronteiras com garantia veterinária.

Normas que rejeitam porque complicam e muito a vida (financeira) a pescadores e comerciantes, sem dúvida!

E quem não conhece os simpáticos mercados semanais, ao ar livre, em tendas de rua, (onde se compra desde peixe,carne, a frutas,...) em capitais como Amesterdão ou Paris!?

A tal vida de tradições e costumes de que fala António Barreto!

E ntão,... se nem lotas há !?

Bom! Não há lotas, nem são precisas, porque o(s) pescador(es) e o(s) comerciante(s) de peixe, há muito que livremente adoptaram procedimentos de higienização, ( sem a piada dos cães, das lexivias, ou outros que tais) validados por veterinários.

Procedimentos que, ao provarem o seu acerto, viraram Norma.

O António Barreto, esqueceu que, à semelhança dos "velhos" prédios de Paris ou Amesterdão, onde existem casas do mais moderno conforto,...as "velhas tradições" de feiras semanais com tendas, ao pé da porta, vendem produtos que chegam pela mão de homens e mulheres (modernos!?) que não precisaram da Norma para praticarem um manuseamento e acondiciomanento correcto e validado por especialistas.

O homem e a circunstância! Indissociáveis.

Roma e Pavia, não se fez,...e por vezes penso que por querermos chegar tão depressa, ainda acabamos por nos estampar.

Oxalá a próxima geração seja capaz do tal Património, e nós que vejamos. Já agora, com uma velhice confortável.

Respigado de:Fórum_Campingcar_Portugal

As Pedras no Caminho


"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes mas, não
esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo, e posso evitar que ela
vá à falência.

Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios,
incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos
problemas e se tornar um autor da própria história.

É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no
recôndito da sua alma.

É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter
medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para
ouvir um "não". É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

Pedras no caminho?
Guardo todas; um dia... VOU CONSTRUIR UM CASTELO..."

por, Fernando Pessoa

Sem marcações nem outras complicações (sic)

Estudo Prévio "Área para Autocaravanas" -Torreira -Port.

Estória´s da aviação, pela voz da Hospedeira,...

Era para ser um voo simples.Saíamos de Lisboa - Portugal às 21h para chegarmos a Havana – Cuba pelas 5/6h e voltávamos para casa ainda nessa madrugada.

Mas as coisas complicaram-se...

A meio do Atlântico o Comandante recebe a informação de que o Furacão Erika subiu na escala, tornando-se agora perigoso também para quem voa.Pede-nos para prepararmos a cabine para um eventual acidente e estarmos alerta para qualquer coisa que possa acontecer.Nós aprontamo-nos, mas no entanto, após duas horas de angústia passadas, ainda nada de Erika.

Pelas 4h a Susana dá ordens para servirmos o pequeno almoço.Em cada carrinho vão duas pessoas, uma à frente e outra atrás – uma dá as bandejas e o outro as bebidas escolhidas. Nas pontas do avião, ficam os outros colegas que em seguida vão servir o chá e o café.Eu estava mesmo a servir à frente, quando o avião desceu a pique cerca de 10.000 pés !! (cerca de 3 kilómetros).

Senti o corpo a projectar-se num sítio qualquer, e os tabuleiros das pessoas todos a colarem-se no tecto do avião. Tudo rodopiava no meio da cabine do avião e por segundos achei que íamos cair... assim... a pique.O avião estava completamente descontrolado.As pessoas num silêncio mórbido. E tudo aos trambolhões na cabine. Bagageiras abertas e as malas a caírem, as bandejas a voarem, as garrafas da coca-cola a entornarem, guardanapos no ar.. e tu abanava, tudo abanava!!!

Levantei-me do chão e corri para o fundo da cabine, saltando tudo – carrinhos, bancos, passageiros, e mais que houvesse!! Vejo o Francisco no chão e corro para ele. Tem sangue no rosto, mas nada de grave, e lembrando o voo da Madeira – não é hoje amiga, não é hoje!!

Levantamos a correr e começamos a tentar fechar tudo no avião: gavetas, armários, bagageiras!!! É um pânico!É um pânico! É um medo tão grande que vai para lá do choro...

Eu corro a empurrar um carrinho que está no corredor do avião. Só penso que tenho de o arrumar. É um peso bruto!! Tudo em ferro e só tenho medo que acerte em alguma criança. À medida que o empurro vou chamando pelos meus colegas e respondendo às suas vozes. Está escuro, o avião estabilizou a altitude, mas a turbulência continua fustigadora. Um carrocel.Empurro o carro até que encontro o sítio onde pertence, mas a turbulência e o seu peso não me deixam arruma-lo. Tudo abana à minha volta. Eu empurro, mas sinto-me sem forças, e assim que cedo, o carro ganha balanço projectando-se contra mim e empurrando-me para o chão.Sinto uma dor, vejo uma coisa cheia de pintinhas brancas e quase desmaio.

Vejo os meus colegas aos gritos, a tentarem ajudar os passageiros e a cabine silenciosa.Um silêncio escuro, mórbido, de medo. Quando é grave, não há gritos dos passageiros... há silêncio.As luzes voltam e eu posso ver que estou encurralada entre o carro e um armário do avião. Grito pela Susana, mas é a Rita que me ouve e tira o carro de cima.Não tenho sangue, mas a dor no braço direito é forte. Como temos todos o curso de Socorristas do INEM, a Rita imobiliza-me o braço com a gravata da farda e seguimos para ajudar toda a gente.

Agora o avião já estabilizou, as luzes voltaram totalmente e a turbulência passou.Há algumas pessoas feridas, mas muitas mais cheias de ovo mexido na cabeça, cara e ombros.Não consigo deixar de me rir!!Dói-me o braço, apanhei um "granda cagaço", e não me consigo deixar de rir de ver aquele avião com ovos por todo o lado, coca-cola por toda a parte, malas no chão bagageiras abertas, passageiros brancos como a cal!!!!Arrumámos tudo, limpámos tudo, organizámos tudo e seguimos viagem.

Era para ser um voo simples.Saíamos de Lisboa - Portugal às 21h para chegarmos a Havana – Cuba pelas 5/6h e voltávamos para casa ainda nessa madrugada.

Mas como se deu aquilo, o Comandante faz uma reunion call explicando que o Erika mudara de rumo no exacto momento em que passávamos, e nós ainda apanhámos os restos dos ventos ciclónicos.Diz-nos que temos de aterrar em Punta Cana – República Dominicana para medir os estragos da aeronave e ver a possibilidade de voar para Havana – Cuba.

Começamos a preparar a aterragem, e agora já passageiros choram e conversam connosco. Muitos estão traumatizados, assustados... quase em choque. Tentamos acalma-los dizendo que é normal, que já nos aconteceu montes de vezes (que mesmo que não seja a verdade, pelo menos tira-lhes o pânico...)Eu continuo cheia de dores a arranjar coragem para algo que sei inevitável: tenho a clavicula deslocada e só há duas maneiras de a por no sitio – ou num hospital, ou num choque brutal como se faz no Judo.

Um hospital em Punta Cana, está fora de questão! O Luis pratica Judo desde miúdo e só está à espera da minha mentalização, para me dar um empurrão contra a parede, com toda a força, ao mesmo tempo que com a mão me empurra o osso para o lugar.Respiro fundo, lembro-me da força e digo-lhe que sim.Do resto não me lembro, porque desmaiei toda junta para os braços da Kátia que ficou encarregue de me amparar se isso se desse.

Estamos quase a aterrar.

A cabine começa a ficar agitada, as pessoas estão cheias de medo. Faz parte do nosso trabalho tranquiliza-los. As raparigas retocam a pintura, os rapazes compõem a farda, e estamos como se nada se tivesses passado.Estamos ali para assegurar assistência, segurança, conforto. O resto fica para depois – quando enfiarmos “os cornos” numa garrafa de Rum!Começamos a descer e eu já me sinto bem!Estou feliz! Sinto-me feliz! Viva! Desperta! Agradecida!Aterramos em Punta Cana e como estaremos cerca de duas horas parados, vamos deixar sair os passageiros para esticarem as pernas, fumar um cigarro e chorarem à vontade.

Mal aterramos, mesmo à minha frente, uma senhora descalça-se. Acho estranho, mas por vezes os pés incham e há pessoas que saem descalças do avião.Mas qual é o meu espanto, quando a mulher agarra no sapato e desata a bater no marido!!!!Parecia possuída!! Doida varrida!!! O Demónio!!!Dava-lhe tanta porrada, tanta porrada, mas tanta porrada, que o homem só tinha tempo de se defender com os braços no ar!!!Ela, à medida que lhe dava com o salto do sapato onde calhava, só berrava:

- filho da puta!!! Queres matar-me!!! cabrão!!!! Filho da puta!!!!


Eu e a Susana, estávamos parvas com aquilo!!! O que se faz numa situação destas? Como se acalma uma pessoa em histerismo depois daquilo tudo?Simples!A Kátia vem lá de trás a correr, chegou ao pé dela e deu-lhe duas grandas bofatadas no focinho que a mulher até estrabuchou!!
- Acalme-se já, sua maluca!!! - gritava a Kátia – vamos já a parar com isso!!!

Eu e a Susana ficámos parvas a olhar!! Isto não nos estava a acontecer!! Caramba! Depois de um voo destes, uma histérica a bordo.... NNNNÃÃÃOO!!!!A mulher acalmou-se, limpamos o sangue do homem que ficou de sobrolho e lábio aberto e fizemos o desembarque.

Toda a gente saiu e ficámos nós.

Nós.

O Avião.

Capri

Um lugar verdadeiramente cosmopolita!
Gentes das mais variadas espécies e regiões mais diversas, a viver perfeitamente adaptadas ao meio e em respeito natural pelo ambiente, tradição sócio-económica, urbana e cultural.
Um lugar de paixões entre endinheirados e sobreviventes, entre jovens e velhos lobos do mar. Ali os colares de pérolas, frequentemente cozem-se com as redes e bóias de pesca, num olhar parado sobre a baía,... sob um sol do meio-dia.
Enigmático.


Fóruns

Logo no inicio deste blog dei boa nota da informação recolhida em blogs e sites de referência em portugal para iniciação em autocaravanismo.

Conhecia-os por fora,..depois de me ter registado num deles e ter espreitado por dentro, confesso ter esfriado o entusiasmo,...e fiquei à porta.

Hoje verifiquei o anúncio de encerramento (temporário!?) de um destes fóruns e congratulo-me com essa decisão.Não é possível dar cobertura institucional a espaços de "debate" que se revelam em roda livre,..sem moderação efectiva.

Bem sei que todo o trabalho feito (e sei que tem sido muito e variado) em prol do autocaravanismo é um trabalho de carolice, só ao alcance dos melhores,... mas quando os resultados da acção não enformam a dignidade do(s) projecto(s) é preferível pôr-lhes cobro.

Hoje, encerrou o fórum do CPA ! É minha convicção que em defesa da nobreza dos propósitos com que foram criados, outros fóruns deveriam seguir-lhe o exemplo.

Viajar ! Perder países!

Viajar! Perder países!
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!

Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsia de o conseguir!

Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.

Fernando Pessoa

Antalya

Ele, na casa dos sessenta anos, explicava ao detalhe a sequência de invasões e ocupações que tinham levado ao derrube de tantas e tão grandes colunas de pedra. Antalya histórica, palco de memórias de rendição a frigios, lídios, persas, e.... ainda projectéis mais modernos cravados em paredes milenares a marcar a passagem mais recente de tropas alemãs.
De fato e gravata, sob um calor abrazador, e lençinho branco agitado ao nível da cara com a mão direita,.... ia reclamando a Turquia como membro de pleno direito cultural e social da comunidade europeia. Ali todos os anos afluem milhares de europeus para disfrutar das praias da Riviera Turca.
Mais á frente quando lhe disse que na europa ele já estaria em dourada reforma e como guia teríamos uma bela jovem de formas redondas e pouco vestida a acompanhar-nos,.. fixou-me um olhar de protesto,quase revolta, e logo ali deixou morrer a alma europeísta;presumo que em defesa da condição feminina e da dignidade do homem turco.