O direito de livre associação em portugal, permite a quaisquer constituírem-se como parte interessada e intervirem, proporem, etc, …para o bem ou para o mal.
O Campingcar Portugal, é um (bom) exemplo : dois amigos fazem uma associação!
E nós, que lhes reconhecemos a generosidade dos propósitos, usamos e abusamos de um espaço que é deles.
Mas será sempre assim?
O CAB, o MIDAP, o CAS, o CAN,… e outros que legitimamente apareçam, embora com ténues representações do universo autocaravanista, poderão ainda reclamar-se de um protagonismo e acção, defendendo interesses, não necessariamente coincidentes com os da maioria autocaravanista.
Todas as associações que vão legitimamente aparecendo e intervindo, terão a mesma clarividência de propósitos?
– Não há nenhuma garantia disso! Direi mesmo, que esse perigo é tão eminente e ameaçador, que urge preparar uma resposta.
Como é que, no futuro se poderão contrariar investidas de propostas, não coincidentes com o interesse da maioria?
O associativismo autocaravanista em Portugal, é tão frágil, que tem estado à mercê de qualquer investida, … de quem se reclame com uma qualquer representatividade, (tenha a dimensão que tiver) como recentemente ficou demonstrado.
É verdade que todos os contributos, individuais ou colectivos, são bem vindos, provada que esteja a generosidade das suas propostas. Para o que não basta a troca de galhardetes ou chaves entre associações!
O obscurantismo do processo, que deixou à margem da discussão a comunidade autocaravanista para a proposta da nova lei, recentemente sujeita a votação no parlamento nacional, só tem um responsável: o CPA!
E porquê?!
- Porque o CPA não foi capaz de garantir (sequer dar contributo) previa e atempadamente, à democraticidade de uma discussão e de um sufrágio interno.
Uma estrutura associativa digna dos seus associados, se não é capaz de assegurar a participação dos seus sócios, na legitimação de um processo legislativo, em que se envolvera, que a todos dizia respeito e tão crucial era para o futuro da modalidade, … abortava-o!
O presidente do CPA, lamenta agora em editorial, o facto de os autocaravanistas não terem sido consultados!
Pergunta-se então: sendo assim porque não abortou o processo em tempo oportuno?
Não se pretende com a pergunta menosprezar o trabalho de Ruy Figueiredo, e restantes companheiros da direcção do CPA, de quem, todos estamos certos e gratos da generosidade com que têm feito o melhor que podem.
Vale, como demonstração, de que o CPA não tem estado à altura das suas responsabilidades e de que as associações não podem estar ao sabor do golpe de asa de seja quem fôr!
Uma associação vale pela forma como a sua estrutura e processo de decisão estão construídos, em ordem a espelhar a vontade da maioria, aí democraticamente aceite como interesse público!
Por muito que isso custe aos sábios franco atiradores ou à burocracia.
Serve isto para dizer, que quem quiser fazer alguma coisa pelo autocaravanismo em Portugal, deve antes de mais pegar na direcção do CPA e reestruturar o Clube!
Pela sua já longa história, pelo seu maior número de associados, o CPA será sempre pedra angular em qualquer diálogo com estruturas de decisão política municipal ou nacional.
Só através de uma associação forte, com mais história e representatividade que as restantes, melhores princípios estatutários e uma direcção centrada no essencial: a legislação existente, a legislação necessária e sua real concretização no terreno, em ordem ao desenvolvimento da modalidade, com mais esclarecimento e discussão interna. Só assim é possível progredir e fazer abortar todas as “ameaças” que possam surgir, de projectos que embora legítimos sejam menos representativos do interesse colectivo.
Como consegui-lo?!
Criando secções regionais, de que há alguns conhecidos embriões, como sejam os Amigos do Centro, o CAN, o CAS, talvez o CASUL, etc…agrupando-se as suas direcções numa direcção nacional, a que deviam ser proponentes de imediato nas próximas eleições do CPA. Conjuntamente candidatarem-se, com uma lista representativa de todos estes pequenos clubes existentes e a criar. E dessa intenção, lista e programa darem prévio anúncio e conhecimento nos respectivos fóruns da modalidade. Creio a maioria dos sócios teriam nessa próxima assembleia, uma oportunidade de se reconciliarem com o clube, sufragando a legitimidade desse programa e dessa nova direcção!
Às secções regionais, com receitas próprias, caberá o desafio de permanentemente alargar o universo de associados desenvolvendo-se aí todas as actividades de aproximação com a modalidade e de convívio tradicionais.
À direcção nacional, onde estejam representadas todas as secções, cabe re-elaborar estatutos que garantam procedimentos democráticos na construção de decisões verdadeiramente representativas da vontade da maioria e o desafio de conquistar o direito de audição e respeito junto dos sócios e da sociedade portuguesa.
Só com uma estrutura associativa forte, é possível assegurar a continuidade no tempo de uma acção coerente, esclarecida e democrática, sem dependência de estados de alma, de maior ou menor golpe de asa de quem vai surgindo ao sabor dos tempos e das conveniências.
Antes de outras iniciativas ou ensaios legislativos, venham os falcões e os golpes de asa de onde vierem, é antes de mais preciso, primeiro preparar as estruturas de decisão de forma a assegurar o interesse geral.
Este é o desafio principal, absolutamente prioritário e urgente para o CPA e consequentemente para o autocaravanismo em Portugal.
Quanto aos mais problemas pontuais, os diagnósticos estão feitos e os antídotos são conhecidos , não há é quem opere…
Creio, que os actuais dirigentes destes clubes regionais de autocaravanismo, já existentes, não se podem furtar a mais esse desafio!
Pelos seus próprios clubes, pela modalidade que os apaixona e já representam e por Portugal.
Que futuro para o CPA ?
Um Ano De Midap
Um Tour em Marselha
Estou em Marselha, vejo a vida desfilar em volta do Porto-Velho,... uma população muito matizada, muito morena e multirracial com um cunho muito mediterrânico, também uma arquitectura muito simples e predominantemente branca...,uma cidade cosmopolita.
Saímos e passeamos a pé á volta do enorme Porto-Velho, lugar central da cidade,... percebe-se uma população que corre laboriosa e uma outra residente nesta zona, mais ociosa,..percebe-se pelas gentes, que o enorme porto comercial mais a sul é o coração e o sangue da cidade, a par de um turísmo urbano intenso com muita solicitação e animação.
O Castelo de If (ou Château d'If), uma antiga prisão situada numa ilha costeira à cidade, onde O Conde de Monte Cristo foi encarcerado, no romance de Alexandre Dumas.
Essa fusão de culturas que remonta à antiguidade é presenciada hoje na arquitectura de estilo, ora bizantino, ora neoclássico, nas feições miscigenadas e nos animados comércios e feirinhas de rua, onde servem desde peixe fresco a kebabs turcos.
Alimentámos o corpo, subimos no autocarro do grand tour e partimos à descoberta da paisagem urbana,...está um fantástico Sol de inverno.
Notre-Dame-de-la-Garde, no alto de uma colina, com uma enorme afluência e os acessos entupidos por carros de gente que teima em chegar ao alto, em ruas cada vez mais estreitas ...,a vista panorâmica é outra oportunidade, mas a basílica em esplêndido estilo romano-bizantino é uma pérola, revestida de mosaicos e folheada a ouro.
Marselha é uma cidade de verdade: meio suja, alguns mendigos, fachadas encardidas e varais de roupas cortando o céu.Em muitos aspectos faz lembrar Lisboa.
A noite cái sobre a cidade, o frio já fez debandar toda a gente para o andar inferior, eu resisto, sou um bocado como os cães, gosto de sentir o frio no nariz e delicio-me com o espectáculo de côr e refracção das primeiras luzes da noite, a melhor hora para fotografar.
Voltamos aO Porto-Velho, no Samaritaine , tomamos um chocolate quente e um gâteua,para voltar a aquecer,num ambiente bem quentusco ...vimos agora o porto-velho na perspectiva oposta a que se tem da autocaravana.
São 21 horas,voltámos à autocaravana e ainda hoje vamos jantar a Cassi e dormir a St.Tropez,...coisa de autocaravanista.
Vamos lá ao jantar!
De Carcassonne a Marselha
A chegada a Carcassonne fez-se já noite serrada. Ver as muralhas e torres de Carcassonne surgirem de repente contra o céu, toda iluminada, após uma curva da estrada, é de fazer de imediato sonhar com o passado,... a cidade e a cidadela esperava-nos em ambiente festivo de quadra natalícia e ano novo.
O parque automóvel, comum a autocaravanas, situado sem complexos, junto à cidadela, foi o lugar vantajoso e privilegiado de pernoita.
Temperaturas negativas, neblina e céu encoberto,... não dei por nada !
São mais ou menos 11.00 horas e o tempo está limpo, já bebi meu leite com chocolate, comi meu pão com doce, bebi meus dois cafés, fumei meus cigarros, estirei minhas duas pernas e completa nudez sem frio, li as google-notícias, tomei meu duche quente e sai para um ar fresco de montanha, com muito ar puro, muito oxigénio, graças aos Pirinéus! Gosto de sentir e respirar este frio, fecha-me o corpo, refresca-me o cérebro e as narinas, integra-me melhor,... as ideias parecem mais arrumadas.
Virei-me à colina! E caminhei direcção à porta principal da cidadela, por onde já passaram gerações,... em volta muita mais gente faz o mesmo,... um carrossel de vai-vem com cátaros, infiéis, cruzadas de cristãos e agora uma atmosfera de férias natalícias.
As fundações das casas e muralhas retratam com clareza essas sucessivas ondas civilizadoras.
Estou na maior fortaleza medieval e a mais bem preservada de toda a Europa. Um conjunto arquitectónico que testemunha mais de 2500 anos de história, que atravessou as brumas do tempo e preservou o seu passado.
No gracioso passeio da descoberta de uma realidade outrora magnânime, construída de pedra e cal, inteiramente de pé, sobressái a precaridade no tempo, das ideias e ideais que a moldaram, lhe deram vida e força até ao abandono completo pelos anos de 1800, razão maior do estado de preservação em que se encontra.
Daquele apogeu civilizacional de séculos, aquelas magnificas muralhas e intocável cidadela, são hoje uma impressionante lápide.
Agora a lápide, tornou-se uma fantástica atracção turística !O ciclo natural de renovação das ideias e ideais voltou a conquistar, a ocupar a cidadela e dar-lhe nova vida, com multiplos negócios e serviços dedicados aos recém chegados conquistadores, não importa a origem nem a religião que professem.
Chegámos a Marselha, segunda maior cidade em população e área urbana de França, e a muitos títulos capital, por volta das 21.00Horas ! Uma estória de viajem rápida, sem história,...algumas paragens técnicas em não lugares e o encontro com mais um conto de vigário na imensa estação de serviço de Monteplier , um tipo que fala espanhol e pede um dinheirito para poder meter combustível e seguir viajem,...paguei para ver! Acto de contricção e arrependimento continuo, a fazer mea-culpa.