Portagem

FDS_02.10.08 - Dia_1



Dia 2 de Outubro,....17 horas rumo: Alto Alentejo!



Primeiro fim-de-semana em autocaravana. Propósito, encontrar algum sossego, sentir algum do tempo a passar,..lugares sem stress, com silêncios e com sorte talvez até algum tédio.





Chegada à Portagem, por volta da meia-noite de quinta-feira. A noite foi passada entre arvoredo à margem da piscina fluvial da Portagem, localidade situada no sopé do monte que suporta a bela vila de Marvão. Situada em plena Serra de São Mamede e a escassos quilómetros de Espanha, a tranquila Portagem foi abrigo seguro e repousante a dois autocaravanistas esgotados que ali quiseram pernoitar. A sensação de segurança foi confirmada pela presença de uma brigada de polícia que por vezes ali passava.





O acordar fez-se já pela hora de almoço do dia 3, e ali bem perto, depois de atravessado o arco romano, no pequeno bar junto ao rio Sever petiscámos um prato de apetitoso "Leitão Frito em d'vinha de alhos", acompanhado de pão e vinho da região. Uma coisa 5*,... quase oferecida.












Na Portagem o rio Sever de águas límpidas e frias é utilizado como praia fluvial, e o complexo de piscinas e parque de lazer está muito bem conseguido, tendo resultado num belíssimo ponto de repouso e lazer não só para as gentes da terra, mas também para quem a visita. Hoje são nossos hermanos e reformados espanhóis que vêm apanhar um cativante sol de outono.








A corrente vai mansa nesta época do ano e o açude retém as águas, acomodando-as numa grande e bela piscina fluvial. Próximo, a ponte e a Torre, tornada homenagem aos milhares de judeus que por aqui passaram fugidos de Espanha. Na Portagem, assim chamada, porque nela os judeus expulsos de Espanha pelos Reis Católicos, pagavam a "portagem" para entrar em Portugal pela ponte romana, ainda existente no local, junto ao complexo de lazer, bem como a torre militar que, então, fazia a fronteira.














Acima, ao fundo, na escarpa granítica a pique as muralhas, o castelo e o casario de Marvão.
As escarpas tornam-se espanto redobrado quando percebemos que as alturas revelam um esforço humano colossal com onze séculos. Ali, onde supomos habitar somente o vento, percebemos que a rocha suporta muralhas. Atrás, destas, assomando timidamente, o ocre dos telhados e uma ou outra torre alva mais atrevida. Vive ali gente, entre as nuvens, o voo das aves e os ventos das alturas. Em breve, durante a tarde do dia 3, a estrada sinuosa, encaracolando monte acima, leva-nos até ao coração da vila de Marvão.
O monte que suporta Marvão, no coração do Parque Natural da Serra de São Mamede, obriga-nos a, invariavelmente, torná-lo protagonista de quase todas as histórias do lugar. A Serra do Sapoio, é dramatismo geológico, esforço acrescido da natureza para congeminar relevos.






Depois do almoço, fomos ao encontro do local programado por nós para as pernoitas seguintes, o Parque de Campismo Rural da Asseiceira, (de um cidadão inglês, que mal falava o português, pois estava cá há sómente 6 meses, ex-condutor de longo curso, cansado, com visão e oportunidade na construção de uma vida alternativa- radicado agora em portugal), situado perto de Santo António das Areias, na encosta norte de Marvão, onde se ouviam além do frequente cantar dos pássaros, as "vozes" tão interessantes das vacas, cabras e ovelhas que pastavam por aquelas bandas. Uma conversa simples e agradável...


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http://www.campingasseiceira.com/pt/newindex.htm


O camping Asseiceira, não consta de roteiros, nem tem classificação oficial, mas nós recomendamo-lo como de 5*, para quem aprecie algum sossego e ar puro,...com a sombra de velhos chaparros e velhas oliveiras, cadeirinha na rua, olhar o monte e Marvão, ensaiar novas leituras,... com o pôr-do-sol recolhimento a um jantar de mais uma dose "Leitão Frito em d'vinha de alhos", desta vez com um branco fresquinho de Favaios, recolhido na adega cooperativa do próprio em 2003 e uma ligação ao escritório em LogMeIn, para um pequeno serão de trabalho,graças à ligação wireless gratuíta, enquanto pé-de-vento, descobre a história e estórias destas paragens, e traça rumos mais detahados para o dia seguinte.





Já tinhamos passado diversas vezes em Portagem, mas dedicar-lhe um merecido dia , sem pressas, e desfrutar da beleza dos cantos e recantos é privilégio de autocaravanista ! Supreendo-me, com o mesmo agrado , com que à anos atrás me surpreendia, com outros autocaravanistas, que encontrava, em recantos da minha zona, nos lugares mais imprevisíveis e com matrículas a indicar longinquas origens,...pareciam-me e continuam a parecer-me senhores de todo o tempo do mundo ! Como que a dizer que, só sem pressas é possível chegar tão longe.


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