FDS_03.10.08 - Dia_2
Um soalheiro dia de outono! Com a autocaravana estacionada debaixo de uma velha oliveira, apetecia um passeio de moto,... e lá fomos nós para Marvão, ver como paravam as festas islâmicas da vila. No caminho, a estrada contorce-se nas vertentes. A cada curva Marvão cresce. A linha de muralhas ganha nobreza e uma dimensão quase inexpugnável. Em torno a paisagem abre-se e, nas serranias, toma vulto o pico da Serra de São Mamede, para lá dos 1000 metros de altura chega-se a um extraordinário mirante do alentejo e de terras de Espanha.
Parque de estacionamento cheio, muitos automóveis , algumas caravanas e muita polícia a tentar garantir a fluidez e a ordem. Passar a Porta de Rodão e estacionar já dentro das muralhas é nesta altura um privilégio só acessível a motociclistas.
Contida no tempo e no edificado entre muralhas, tomam gradualmente forma, fachadas, janelas, telhados, varandas, portas, calçada de pedregulhos toscos, tudo excelentemente conservado, emergindo de um mundo já sem os verdadeiros personagens, parecendo algures no tempo, terem esquecido haver vida para além daquelas muralhas,...num nostálgico abandono de tempo passado, ímpossível de reabilitar para novas gerações senão como arqueologia urbana, a ocupar e viver, a espaços, por turista ocasional,... a agenda de eventos marca a vida do lugar e a economia de resilientes, poucos. O passado faz-se com histórias de muitas partidas, quer para as grandes cidades, quer para a emigração.
“Malvão”, ou nem por isso, é o que nos diz as histórias antigas e novos projectos de gerações da família, pela voz da simpática proprietária e talentosa cozinheira, do muitíssimo recomendado " Varanda do Alentejo", onde tardiamente, mas ainda a tempo, abancámos para uma genuína e deliciosa carne de porco à alentejana, com um genuíno tinto do Redondo,...redondinho!
A calma que paira nesta vila, é por si só um bom motivo para aqui passar um fim-de-semana.
Mas as festividades já se faziam sentir com o entusiasmo esperado, estava montada a encenação do acontecimento, a “Al Mossassa”. Uma festa islâmica que reconstituiu a ambiência das vendas de uma época distante e entretém como espaço aberto à imaginação e à história, para além de repleto de boas recriações e animações interagindo com os visitantes.
Hora de tomar um perfeito e digestivo chá-verde, com direito ao copo para recordação e de abancados na tenda árabe, ver o belíssimo desfile passar....
A noite caía e o pôr-do-sol pintava a atmosfera para uma sugestiva Fada em camelo evocar a mística do quarto-crescente lunar.
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