10.08.08 – Dia_6 . Arcachon - Carcans

Da famosa Duna du Pyla nem sombra!

Pegámos nas bicicletas e descemos em direcção á praia e a surpresa duma praia irresistível, um belíssimo areal dourado a perder de vista, um mar estranhamente sossegado e uma água límpida e inacreditávelmente quente, a fazer lembrar outras paragens.


Dois banhos de água salgada no pico do sol bem quente fez-me sentir, …dono do tempo e da distância , tudo a parecer desprezível.

Duas horas de praia são mais que suficientes para mim! De volta à estrada, meia-dúzia de kilómetros à frente avistava-se a famosa duna “entalada” entre a borda d´água e um parque campismo com o mesmo nome.
Pareceu-me mal !
Ao mesmo tempo, muito a propósito para desincentivar Pé-de-vento de qualquer má ideia de trepar tão altos cumes.


A bacia de Arcachon foi contorno obrigatório, e em Cap Ferret repetiram-se ao jantar os já obrigatórios Moules, desta vez acompanhados pelas baladas de um espontâneo, em estilo de réplica saudosista de Jaque Brel.


A noite servir-nos-á de condução até à AS de Carcassan. Mal localizada em Gps, mas onde fomos gentilmente conduzidos por patrulha de policiamento local que interpelámos, eram quase 03Horas da madrugada. Não fora a condução policial e os diversos autocaravanistas presentes,o local mal iluminado dentro de um pinhal afastado da vila,... não tinha convencido, nem deixava perceber da generosidade da oferta envolvente, que só se haveria de descobrir no dia seguinte.

O fantástico acontece por volta das 05H da madrugada,..o grrum grrum de porcos era intenso e o imenso barulho no caixote de lixo ali mesmo ao lado, era...afinal uma meia dúzia de javalis, habituados àqueles assaltos. Levantaram a tampa, puxaram o saco de plástico e separam o lixo há boa maneira de funcionário municiapl no ecoponto.

A agitação, agilidade e o grunhido de porcos bravos numa noite de lua nova, resulta numa espécie de dança tribal verdadiramente indígena que dá pena ver acabar logo que pressentem companhia...





KM +- 180

09.08.08 – Dia_5 .Saint Jean de Luz - Arcachon

O caminho só se faz, fazendo-se!
É um dos predicados da viajem,…em particular da viajem automobilizada, difícil de explicar.


A novidade a cada curva, ainda que seja um pinheiro mil vezes repetido! É um estado de espírito que tem muito a haver com disponibilidade, tudo merece atenção,e quando assim é, tudo parece irrepetível.

A jovem Madame, que descalça e com chapéu de cerimónia, muito a preceito, vende frango assado à beira de estrada, fazendo parar o trânsito na certeza de que uma vez provado, a clientela jamais se repetirá,...irrepetível.A certeza sobreveio umas horas mais tarde,no sossego do pinhal.

Ao cair da noite,a primeira surpresa, em AS´s,.. o Gps conduz-nos a uma área vedada à passagem de autocaravanas. Em contrapartida abundam os parques de campismo, mas uma centena de metros antes identificá-mos um agrupamento de caravanas dentro do pinhal que pode ser a alternativa em constituição, a quem quer visitar a famosa Pyla!?
A aparente proximidade com a duna e a confiança entretanto ganha na autonomia dos serviços da autocaravana (para tanto tinha investido em baterias e painel solar ) levou-nos a decidir pelo acampamento,… afinal selvagem,mas muito limpinho e civilizado,parecia que tudo tinha começado naquele dia.


À chegada um jovem casal basco confessava amor á primeira vista pela nossa Travel Van,... parece ter sido uma opção a generalizar-se, o tamanho qb.
Foi uma noite em que Pé-de-vento fez dominó por diversas vezes... ( os kilómetros que é preciso fazer, para arranjar tempo e espaço qb para um joguito!!!) …só mesmo em autocaravana e em acampamento selvagem!








KM +-200

08.08.08 – Dia_4 .Saint Jean de Luz

Continuo a acordar cedo,..11 horas mais coisa menos coisa. Já lá vai o tempo das noitadas de trabalho. O pequeno almoço, tão raro no resto do ano, sabe-me sempre divinamente em férias, mais na convicção de que a bicicleta me vai permitir comer normalmente.

O dia começou com a visita de estudo á casa-museu de Luis XIV, onde apreciei como uma lição bem estudada pode levar uma guia a conduzir uma dúzia de predispostos durante uma hora para percorrer apenas quatro pequenos compartimentos. Pé-de-Vento sossegou com a história!

A sugestão do guia American-Express é que se faça a pé o percurso que se estima de duas horas entre St Jean e a ponta de Seco. Ida e volta, é muito tempo a andar a pé.Ponderada a possibilidade de se fazer de moto ou de bicicleta, Pé-de-Vento optou com coragem pela bike,... para a moto ainda vai faltando.

Pedalou que se fartou, pensava eu…mas fomos e viemos, quase 12 km ida e volta, sempre à beira-mar, na companhia de uma paisagem sempre soberba, apetitosa e muito trânsito. Paragem para comprar duas toalhas de praia, um mergulho e umas braçadas nas águas da baía ao fim da tarde com uma temperatura muito convidativa, deram-me de novo a certeza de estar de férias.


O American-Express recomenda ainda e eu também! Uns moules como nunca antes,... de chupar os dedos, uns chipirons grelhados às tirinhas na companhia de um molho espesso que que mal decifrei apesar de ter visto o fundo à tigela, duas garrafas de um vinho da casa rosé, que eu não saberia escolher melhor e um nome para não esquecer,.. CHEZ KAKO.
Quando pedíamos a lista, traziam-nos simpaticamente o quadro de ardósia de 1.50m de alto, de beira de estrada. Comemos no meio daquela sublime e prodigiosa sala que é o meio da rua, frente à entrada poente do mercado com cobertura de luzinhas de todas as cores e folhas verdes, e uns pingos de água que não nos demoveu,... com menos sorte no menu, outros foram em debandada para o interior…abençoei, a cozinha francesa o guia e perspectivei um final de férias com uns kilitos a mais (estava enganado).

Quando os dias são memoráveis, normalmente o fotógrafo dá à sola.
Foi fácil adormecer,... muito fácil.


07.08.08 – Dia_3 :Saint Jean de Luz

Cumpriu-se a minha expectativa quanto à excelência da vila como destino de férias, muito melhor que a afamada Biarritz. Mais popular, mais descontraída mas sobretudo naturalmente mais bonita Saint-Jean-de-Luz, é ainda "cénicamente" uma terra de pescadores.
Pedalou-se muito pouco, o centro era já ali! O desafio é o trânsito intenso o que constituiu uma oportuna prova de fogo para Pé-de-Vento.

O Sol a espaços trocava-se com uma chuvada intensa e curta, cumprindo a tradição desta costa atlântica dos Pirinéus. A esplanada do café central, foi abrigo para passar o pior, olhar a paisagem humana e para as bicicletas parqueamento.



Apesar da chuva a atmosfera é totalmente estival e intensa.
Uma voltinha no mini-trem para perspectivar o todo e seus limites e depois um passeio a pé mergulhados no movimento e comércio das artérias pedonais,... mais tarde assentando arraiais numa esplanada da praça central, que desiludiu com os primeiros moules e a primeira paelha.



Valeu pela beleza urbana, animação musical e barulho das luzes.



06.08.08- Dia_2: Palencia - Saint-Jean-de-Luz

Comecei a acordar mais cedo!
Onze horas estou de pé, parece que esqueci aquela lenga-lenga do trabalho…O lento acordar sentado mantém-se!

Pé-de-vento sopra um delicioso meio-litro de leite com chocolate e finas fatias de pão com manteiga e doce. Pouco depois o trânsito intestinal acusaa uma sentida diferença no hábito e eu tomo o meu primeiro banho, como diz o outro “com a água à temperatura que se queira”. Mais tarde havia de perceber que a noção de espaço afinal também é um hábito.


O terreno afigura-se plano e livre e portanto é chegada a hora do ensaio das bicicletas. E o passeio começa! Pelo jardim contíguo até ao centro histórico, com o esforço na pedaleira a quedar-se logo a seguir junto a uns pedaços de polvo e outros à galega numa pacata e fresca esplanada bem frequentada. Sempre revelei alguma fraqueza face a alguns pedaços espanhóis…



Pé-de-Vento emociona ao mostrar ser capaz de toda a locomoção, de viajar sem fronteiras e para além de mim próprio,..agora pelos passeios, não tardará se necessário, em contra-mão ou fazendo parar o trânsito.

Com a catedral fechada, sobra tempo para uma convidativa corrida de bicicleta pelas pistas entre o jardim e as margens do rio que nos conduz de volta ao “longo curso” e até à AS de Saint-Jean de Luz, onde chegámos já por volta das 02,30 horas da madrugada.Com uma localização absolutamente central à vila, foi uma agradável surpresa estacionar e dormir à beira dos acontecimentos, com vistas, companhia, luz e tomada eléctrica absolutamente de borla.


Sorte de principiante,… tamanha era a procura no dia seguinte e a escassez de lugares.











Km +- 336

Verão de 2008 em AC


Furada a data prevista para o recebimento da autocaravana, logrou-se o plano de uma viajem até à Escócia. Sem tempo para lhe conhecer as manhas, recebemos a noiva sem o enxoval completo e já depois da hora marcada para o casório.

Depois de atravancada com os tarecos necessários, pegámos nela e fizemo-nos à estrada, com os indispensáveis e os que mais tarde haviam de se revelar importantes esquecimentos.

Recebida a noiva a 03.05.08 partimos no dia 05.08.08 em rodagem para o carro, para o condutor, para a autocaravana e para os autocaravanistas, para os dias que restavam do mês.

Aconselhava a falta de experiência e o bom senso que não nos aventurássemos para além de terras de França. Assim rumámos ao norte, terras da Bretanha, como os autocaravanistas que se prezam e os oiseaus,… ao contrário do sol e das multidões.


05.08.08 – Dia_1 : Nazaré – Palência

Partida de casa pelas 16.00 horas, direcção a Coimbra com paragem na Campilusa, para alguns retoques no véu e grinalda e “catecismos” de última hora.

Interassava ainda que o leitão que ali mora mesmo ao lado tivesse espaço na bagagem até chegada a hora de melhor e mais conveniente arrumação para sossego dos corpos. Inquietação que não tardaria a chegar,… e poucos quilómetros depois, com uma vista “panorâmica” sobre Penela, na talvez única área de repouso do IP3 havia-se de consumar o acto que não foi de gula, só porque isso se torna impossível a todos os que têm o hábito da subnutrição. O tinto bruto da Anadia que ali se perdeu, havia de revelar-se precioso combustível para nos conduzir direitinhos até à famosa AS de Palência, já passava das 03 horas da madrugada.

No aconchego de dois companheiros (para um autocaravanista não há estrangeiros) de que não sei nome nem fisionomia, dormimos o sono dos justos,… para o Pé-de-vento a sua primeira noite na tão desejada casa da árvore.

Simpática a cama, o sossego e a factura.

Palência será uma paragem técnica quase obrigatória para autocaravanista português em trânsito por Espanha,…muito recomendável.




Km = 613.00