Património e Tradições

Se me permitem,

acho muito interessante tudo o que disse neste tópico até agora. Diferentes opiniões e perspectivas que me parecem todas, sem excepção, acertadas, embora por vezes se afigurem quasi contraditórias.

Penso que o não atendimento à necessidade de manutenção do nosso património histórico edificado é um problema muito em linha com esse outro património cultural de tradições e costumes..., que corremos o risco de perder em nome da higiene e segurança,etc...

Nestes últimos trinta anos corremos muito para apanhar o chamado pelotão da frente,....estamos a caminho de "esgotar as forças" de uma segunda geração na passagem do testemunho para uma modernidade que não pode deixar de se nos afigurar acelerada.

Sabemos como tem sido dificil a gestão de parcos recursos,...na família com principal acuidade nos mais velhos (tantas vezes esquecidos), como no património edificado colectivo.

Parece-me uma questão transversal a toda a sociedade portuguesa, no momento, a priorização dos recursos! Questionável, sempre!

Sei por formação, que não é mesmo nada barato, (muito pelo contrário) recuperar património edificado. Ou se faz como deve, ou é preferível não mexer (porque estraga mais); o testemunho aos vindouros não deve ser adulterado.

Diria que no futuro " aquelas pedras" contarão a história dos que edificaram, mas também a história, dos que não conseguiram manter.

Tudo isto em linha, com as tradições e costumes,que a ASAE parece ter que destruir...dou um exemplo,para me explicar melhor:

Somos o único país na europa comunitária com serviços de lotas e vendagem de pescado,( empresa pública a acumular prejuízos),...e para assegurar a higiene no manuseamento,embalagem e transporte do pescado com a qualidade, digamos média, da comercialização feita nos restantes países comunitários não chega esse controle das lotas.

Os pescadores continuam a achar que o cachorro pode conviver com as caixas de peixe, os comerciantes acham que nada impede que as lexívias estejam por baixo da bancada, etc,etc...É preciso transpôr normas europeias de manuseamento e acondicionamento de pescado fresco,...única forma do mesmo circular além fronteiras com garantia veterinária.

Normas que rejeitam porque complicam e muito a vida (financeira) a pescadores e comerciantes, sem dúvida!

E quem não conhece os simpáticos mercados semanais, ao ar livre, em tendas de rua, (onde se compra desde peixe,carne, a frutas,...) em capitais como Amesterdão ou Paris!?

A tal vida de tradições e costumes de que fala António Barreto!

E ntão,... se nem lotas há !?

Bom! Não há lotas, nem são precisas, porque o(s) pescador(es) e o(s) comerciante(s) de peixe, há muito que livremente adoptaram procedimentos de higienização, ( sem a piada dos cães, das lexivias, ou outros que tais) validados por veterinários.

Procedimentos que, ao provarem o seu acerto, viraram Norma.

O António Barreto, esqueceu que, à semelhança dos "velhos" prédios de Paris ou Amesterdão, onde existem casas do mais moderno conforto,...as "velhas tradições" de feiras semanais com tendas, ao pé da porta, vendem produtos que chegam pela mão de homens e mulheres (modernos!?) que não precisaram da Norma para praticarem um manuseamento e acondiciomanento correcto e validado por especialistas.

O homem e a circunstância! Indissociáveis.

Roma e Pavia, não se fez,...e por vezes penso que por querermos chegar tão depressa, ainda acabamos por nos estampar.

Oxalá a próxima geração seja capaz do tal Património, e nós que vejamos. Já agora, com uma velhice confortável.

Respigado de:Fórum_Campingcar_Portugal

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