Que futuro para o CPA ?

O direito de livre associação em portugal, permite a quaisquer constituírem-se como parte interessada e intervirem, proporem, etc, …para o bem ou para o mal.

O Campingcar Portugal, é um (bom) exemplo : dois amigos fazem uma associação!

E nós, que lhes reconhecemos a generosidade dos propósitos, usamos e abusamos de um espaço que é deles.

Mas será sempre assim?

O CAB, o MIDAP, o CAS, o CAN,… e outros que legitimamente apareçam, embora com ténues representações do universo autocaravanista, poderão ainda reclamar-se de um protagonismo e acção, defendendo interesses, não necessariamente coincidentes com os da maioria autocaravanista.

Todas as associações que vão legitimamente aparecendo e intervindo, terão a mesma clarividência de propósitos?

– Não há nenhuma garantia disso! Direi mesmo, que esse perigo é tão eminente e ameaçador, que urge preparar uma resposta.

Como é que, no futuro se poderão contrariar investidas de propostas, não coincidentes com o interesse da maioria?

O associativismo autocaravanista em Portugal, é tão frágil, que tem estado à mercê de qualquer investida, … de quem se reclame com uma qualquer representatividade, (tenha a dimensão que tiver) como recentemente ficou demonstrado.

É verdade que todos os contributos, individuais ou colectivos, são bem vindos, provada que esteja a generosidade das suas propostas. Para o que não basta a troca de galhardetes ou chaves entre associações!

O obscurantismo do processo, que deixou à margem da discussão a comunidade autocaravanista para a proposta da nova lei, recentemente sujeita a votação no parlamento nacional, só tem um responsável: o CPA!

E porquê?!

- Porque o CPA não foi capaz de garantir (sequer dar contributo) previa e atempadamente, à democraticidade de uma discussão e de um sufrágio interno.

Uma estrutura associativa digna dos seus associados, se não é capaz de assegurar a participação dos seus sócios, na legitimação de um processo legislativo, em que se envolvera, que a todos dizia respeito e tão crucial era para o futuro da modalidade, … abortava-o!

O presidente do CPA, lamenta agora em editorial, o facto de os autocaravanistas não terem sido consultados!

Pergunta-se então: sendo assim porque não abortou o processo em tempo oportuno?

Não se pretende com a pergunta menosprezar o trabalho de Ruy Figueiredo, e restantes companheiros da direcção do CPA, de quem, todos estamos certos e gratos da generosidade com que têm feito o melhor que podem.

Vale, como demonstração, de que o CPA não tem estado à altura das suas responsabilidades e de que as associações não podem estar ao sabor do golpe de asa de seja quem fôr!

Uma associação vale pela forma como a sua estrutura e processo de decisão estão construídos, em ordem a espelhar a vontade da maioria, aí democraticamente aceite como interesse público!

Por muito que isso custe aos sábios franco atiradores ou à burocracia.

Serve isto para dizer, que quem quiser fazer alguma coisa pelo autocaravanismo em Portugal, deve antes de mais pegar na direcção do CPA e reestruturar o Clube!

Pela sua já longa história, pelo seu maior número de associados, o CPA será sempre pedra angular em qualquer diálogo com estruturas de decisão política municipal ou nacional.

Só através de uma associação forte, com mais história e representatividade que as restantes, melhores princípios estatutários e uma direcção centrada no essencial: a legislação existente, a legislação necessária e sua real concretização no terreno, em ordem ao desenvolvimento da modalidade, com mais esclarecimento e discussão interna. Só assim é possível progredir e fazer abortar todas as “ameaças” que possam surgir, de projectos que embora legítimos sejam menos representativos do interesse colectivo.

Como consegui-lo?!

Criando secções regionais, de que há alguns conhecidos embriões, como sejam os Amigos do Centro, o CAN, o CAS, talvez o CASUL, etc…agrupando-se as suas direcções numa direcção nacional, a que deviam ser proponentes de imediato nas próximas eleições do CPA. Conjuntamente candidatarem-se, com uma lista representativa de todos estes pequenos clubes existentes e a criar. E dessa intenção, lista e programa darem prévio anúncio e conhecimento nos respectivos fóruns da modalidade. Creio a maioria dos sócios teriam nessa próxima assembleia, uma oportunidade de se reconciliarem com o clube, sufragando a legitimidade desse programa e dessa nova direcção!

Às secções regionais, com receitas próprias, caberá o desafio de permanentemente alargar o universo de associados desenvolvendo-se aí todas as actividades de aproximação com a modalidade e de convívio tradicionais.

À direcção nacional, onde estejam representadas todas as secções, cabe re-elaborar estatutos que garantam procedimentos democráticos na construção de decisões verdadeiramente representativas da vontade da maioria e o desafio de conquistar o direito de audição e respeito junto dos sócios e da sociedade portuguesa.

Só com uma estrutura associativa forte, é possível assegurar a continuidade no tempo de uma acção coerente, esclarecida e democrática, sem dependência de estados de alma, de maior ou menor golpe de asa de quem vai surgindo ao sabor dos tempos e das conveniências.

Antes de outras iniciativas ou ensaios legislativos, venham os falcões e os golpes de asa de onde vierem, é antes de mais preciso, primeiro preparar as estruturas de decisão de forma a assegurar o interesse geral.

Este é o desafio principal, absolutamente prioritário e urgente para o CPA e consequentemente para o autocaravanismo em Portugal.

Quanto aos mais problemas pontuais, os diagnósticos estão feitos e os antídotos são conhecidos , não há é quem opere…

Creio, que os actuais dirigentes destes clubes regionais de autocaravanismo, já existentes, não se podem furtar a mais esse desafio!

Pelos seus próprios clubes, pela modalidade que os apaixona e já representam e por Portugal.

Um Ano De Midap


Recentemente, através do blogue Autocaravanismo-Newsletter e depois através do blogue do próprio Midap, os autocaravanistas portugueses, lembraram o primeiro aniversário deste movimento independente para o desenvolvimento e apoio ao autocaravanismo.

Os autocaravanistas assistiram à sua formação, com adesões espontâneas e generosas, de vontades arraigadas na necessidade sentida por cada um, de fazer mais e melhor pelo futuro da modalidade no nosso país.
Foi então anunciada, a formação de uma Comissão Instaladora!
Passou um ano!
Tomámos conhecimento de diversas iniciativas desta comissão instaladora. Entre outras a mais mediática, foi o ensaio para um primeiro seminário, reunião que decorreu em Cascais e serviu a apresentação pública de um projecto-lei para o autocaravanismo.
Projecto-Lei que se pretendeu do autocaravanismo, mas que no período de discussão pública regimental (do parlamento nacional), se percebeu no seio da comunidade autocaravanista, ser afinal um projecto de autor e não um projecto da comunidade autocaravanista (como comprova o editorial do último boletim do CPA). Tão pouco foi um projecto da comunidade autocaravanista Midap, como a pág.(s) tantas ficou patenteado no fórum CPA!
Passado um ano, uma pergunta naturalmente se impõe à comissão instaladora do Midap :
- Para quando está prevista a feitura e publicação de estatutos, o anúncio da eleição de uma direcção, programa, forma de financiamento e, ...com que peso associativo dentro do panorama nacional, (?) onde se inventariam cerca de 6000 autocaravanistas?
Não é esta a função primordial de uma comissão instaladora?
Por vezes já tenho dito e escrito, que o CPA- Clube Português de Autocaravanas,carrega nome a mais. Na medida em que desenvolve um plano de actividades em que poucos se revêm, face à responsabilidade da representatividade induzida pelo seu enorme número de associados. Mas nunca questionei a legitimidade das acções promovidas pela direcção do CPA, nem ninguém pode questionar!
Para o MIDAP,.... fazemos votos, de que a responsabilidade social das actividades que a sua comissão instaladora desenvolveu ou apoiou e naturalmente projecta, tenham num futuro tão próximo quanto desejável, efectiva definição no plano da responsabilidade jurídica.
Só assim poderemos continuar solidários e,....com amizade, dormir sossegados.

Um Tour em Marselha

28.12.08 _ Dia_4

Estou em Marselha, vejo a vida desfilar em volta do Porto-Velho,... uma população muito matizada, muito morena e multirracial com um cunho muito mediterrânico, também uma arquitectura muito simples e predominantemente branca...,uma cidade cosmopolita.

Saímos e passeamos a pé á volta do enorme Porto-Velho, lugar central da cidade,... percebe-se uma população que corre laboriosa e uma outra residente nesta zona, mais ociosa,..percebe-se pelas gentes, que o enorme porto comercial mais a sul é o coração e o sangue da cidade, a par de um turísmo urbano intenso com muita solicitação e animação.


O Castelo de If (ou Château d'If), uma antiga prisão situada numa ilha costeira à cidade, onde O Conde de Monte Cristo foi encarcerado, no romance de Alexandre Dumas.

Essa fusão de culturas que remonta à antiguidade é presenciada hoje na arquitectura de estilo, ora bizantino, ora neoclássico, nas feições miscigenadas e nos animados comércios e feirinhas de rua, onde servem desde peixe fresco a kebabs turcos.


Alimentámos o corpo, subimos no autocarro do grand tour e partimos à descoberta da paisagem urbana,...está um fantástico Sol de inverno.

Notre-Dame-de-la-Garde, no alto de uma colina, com uma enorme afluência e os acessos entupidos por carros de gente que teima em chegar ao alto, em ruas cada vez mais estreitas ...,a vista panorâmica é outra oportunidade, mas a basílica em esplêndido estilo romano-bizantino é uma pérola, revestida de mosaicos e folheada a ouro.

Marselha é uma cidade de verdade: meio suja, alguns mendigos, fachadas encardidas e varais de roupas cortando o céu.Em muitos aspectos faz lembrar Lisboa.

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A noite cái sobre a cidade, o frio já fez debandar toda a gente para o andar inferior, eu resisto, sou um bocado como os cães, gosto de sentir o frio no nariz e delicio-me com o espectáculo de côr e refracção das primeiras luzes da noite, a melhor hora para fotografar.

Voltamos aO Porto-Velho, no Samaritaine , tomamos um chocolate quente e um gâteua,para voltar a aquecer,num ambiente bem quentusco ...vimos agora o porto-velho na perspectiva oposta a que se tem da autocaravana.


São 21 horas,voltámos à autocaravana e ainda hoje vamos jantar a Cassi e dormir a St.Tropez,...coisa de autocaravanista.

Vamos lá ao jantar!

De Carcassonne a Marselha

27.12.08 _ Dia 3

A chegada a Carcassonne fez-se já noite serrada. Ver as muralhas e torres de Carcassonne surgirem de repente contra o céu, toda iluminada, após uma curva da estrada, é de fazer de imediato sonhar com o passado,... a cidade e a cidadela esperava-nos em ambiente festivo de quadra natalícia e ano novo.


O parque automóvel, comum a autocaravanas, situado sem complexos, junto à cidadela, foi o lugar vantajoso e privilegiado de pernoita.

Temperaturas negativas, neblina e céu encoberto,... não dei por nada !

São mais ou menos 11.00 horas e o tempo está limpo, já bebi meu leite com chocolate, comi meu pão com doce, bebi meus dois cafés, fumei meus cigarros, estirei minhas duas pernas e completa nudez sem frio, li as google-notícias, tomei meu duche quente e sai para um ar fresco de montanha, com muito ar puro, muito oxigénio, graças aos Pirinéus! Gosto de sentir e respirar este frio, fecha-me o corpo, refresca-me o cérebro e as narinas, integra-me melhor,... as ideias parecem mais arrumadas.

Virei-me à colina! E caminhei direcção à porta principal da cidadela, por onde já passaram gerações,... em volta muita mais gente faz o mesmo,... um carrossel de vai-vem com cátaros, infiéis, cruzadas de cristãos e agora uma atmosfera de férias natalícias.

As fundações das casas e muralhas retratam com clareza essas sucessivas ondas civilizadoras.

Estou na maior fortaleza medieval e a mais bem preservada de toda a Europa. Um conjunto arquitectónico que testemunha mais de 2500 anos de história, que atravessou as brumas do tempo e preservou o seu passado.

No gracioso passeio da descoberta de uma realidade outrora magnânime, construída de pedra e cal, inteiramente de pé, sobressái a precaridade no tempo, das ideias e ideais que a moldaram, lhe deram vida e força até ao abandono completo pelos anos de 1800, razão maior do estado de preservação em que se encontra.

Daquele apogeu civilizacional de séculos, aquelas magnificas muralhas e intocável cidadela, são hoje uma impressionante lápide.

Agora a lápide, tornou-se uma fantástica atracção turística !O ciclo natural de renovação das ideias e ideais voltou a conquistar, a ocupar a cidadela e dar-lhe nova vida, com multiplos negócios e serviços dedicados aos recém chegados conquistadores, não importa a origem nem a religião que professem.



Feitas as fotografias, tomado apetecido assento e descanso na história moderna da cidadela, com outro e quentinho chocolate francês, em esplanada,..regressámos à rua e à vida, na generosa AS de Carcassone, com as operações de manutenção à habitação,... e rumo a Marselha, que a noite ia caindo.



Chegámos a Marselha, segunda maior cidade em população e área urbana de França, e a muitos títulos capital, por volta das 21.00Horas ! Uma estória de viajem rápida, sem história,...algumas paragens técnicas em não lugares e o encontro com mais um conto de vigário na imensa estação de serviço de Monteplier , um tipo que fala espanhol e pede um dinheirito para poder meter combustível e seguir viajem,...paguei para ver! Acto de contricção e arrependimento continuo, a fazer mea-culpa.
Estacionamento e pernoita no centro, em pleno Porto-Velho, sem questíunculas nem complexos, a uns metros de um posto de polícia, em liberdade e com esta fantástica vista,..


Seguiu-se o jantar na casinha itinerante, depois um passeio pedonal à descoberta do pulsar da vida nocturna de Marselha...enfim, com tanto para contar, mas o sono sempre acaba vencendo e o relógio pára.

Não-Lugares, a caminho de Carcassonne

26.12.08 _ Dia 2

Saída de Burgos, direcção a Vitória-Gastez e desta para Irun,...um caminho de auto-estrada que não gostamos de fazer, o trânsito é muito, os caminhons muitos e pesados, normalmente chove e a visibilidade é muito deficiente,...um lugar a evitar ou um não-lugar...

Os não-lugares é um conceito proposto por Marc Augé, antropólogo francês, para designar um espaço de passagem incapaz de dar forma a qualquer tipo de identidade.

Para fundamentar este novo conceito, Marc Augé começa por discutir a capacidade da antropologia, tal como a conhecemos, em analisar e interpretar a sociedade actual.

Decide por isso construir a noção de sobremodernidade que se diferencia da pósmodernidade, na medida em que esta última é «concebida como a adição arbitrária de traços aleatórios» ao passo que a sobremodernidade releva de 3 figuras de excesso:

a) excesso de tempo por efeito da aceleração da história em que tudo se tornou acontecimento e que, por haver tantos acontecimentos, já nada é acontecimento. Por isso, organizar o mundo a partir da categoria tempo deixou de fazer sentido.

b) Excesso de espaço por efeito da mobilidade de pessoas, bens, informações, imagens, o planeta se ter encolhido, e sentirmo-nos implicados em tudo, mesmo nos lugares mais remotos.

c) Excesso de individualismo por efeito do enfraquecimento das referências colectivas, e porque as singularidades ( dos objectos, grupos) organizam cada vez mais a nossa relação com o mundo.

Auge define o lugar, enquanto espaço antropológico, como um espaço identitário, relacional e histórico.O não-lugar será então um lugar que não é relacional, não é identitário e não histórico.

As auto-estradas, os aeroportos, as grande superfícies são exemplos de não-lugares.



Mas também «campos de refugiados, campos de trânsito, grandes espaços antes concebidos para a promoção do mundo operário e tornados insensivelmente o espaço residual onde se encontram os sem abrigo e sem emprego de origens diversas: por toda aparte espaços inqualificáveis, em termos de lugar, acolhem, em princípio provisoriamente, aqueles que as necessidades do emprego, do desemprego, da miséria, da guerra ou da intolerância constrangem à expatriação à urbanização do pobre ou ao encarceramento»


( Marc Auge, in Le Sens des Autres,1994, pgs 169Os não-lugares são povoados de «viajantes» ou «passeantes» em trânsito.


São, 23.00Horas, acabámos de jantar numa área de serviço da auto-route Irun-Toulouse,...há pouca gente e pouco trânsito, um não-lugar sossegado, carros de matrícula francesa, poucos, com viajantes, jovens casais,afinal portugueses, a caminho de um não-lugar,...acelerados auto-route abaixo...

Cem kilómetros mais à frente, nova área se serviço,...um esticar de pernas, um cafézinho, um par de ténis "de luxo" por 15 €, os primeiros perfumes Lavande e outros viajantes, mais, muitos mais viajantes, portugueses de matrícula francesa,... como nós sairam de Portugal ontem , dia de Natal, mais, muitos mais viajantes de não-lugar, a caminho de um não-lugar...


Viajam, solitários, nesses espaços de ninguém. São não-lugares livres de identidades.No fundo, os não-lugares revelam uma nova forma de viver o mundo. Mas o retorno ao lugar pode ser o sonho dos que frequentam os não-lugares.



Triângulámos Toulouse e encurtamos 40 km ao destino : Carcassonne - onde entramos por volta das 03Horas da madrugada, a admirar as boas vindas da fantástica iluminação de Natal, como a dizer-nos que afinal, o lugar, é onde o Homem quiser... é onde sobrevive.

Ler:Augé,Marc (1994) Não-lugares: introdução a uma antropologia da modernidade, Lisboa, Bertrand editora


A pernoita na AS de Carcassonne, paredes-meias com a cidadela histórica, que visitaremos amanhã.

A Caminho da Côte D´Azur

25.12.08 _ Dia 1


Vai ser a prova de fogo à socialização autocaravanista por terras de França. Tanto temor, regras e dificuldades se anunciam por esses fóruns em português,...que saio pouco tranquilo!
O Mónaco, por oposição à Bretanha, a ver vamos.

As poucas AS´s e os poucos campings (muitas vezes, longe do objectivo) referenciados na base de dados da campingcar française também não ajudam nada a tranquilizar. Seja como fôr,...existirão sempre muitos hotéis, embora não me agrade nunca a ideia de a partir do meio-dia,repentinamente me trasnformar em persona não grata, ou simpáticamente pagar mais uma noite...outras experiencias.


Saímos então de casa, por volta das 16.00horas, rumo a Coimbra e à Campilusa, onde trocamos a botija de gás, reabastecemos de wc-químico e ali mesmo ao lado compramos a habitual dose de leitão à bairrada que nos há-de servir o jantar (e mais se verá), IP_3 acima e na área de serviço do IP_5 na Guarda, já passava das 22.00horas, sair o jantar quentinho e estaladiço acompanhado de um espumante tinto bruto das caves do mesmo nome,...fazia frio, um frio gostoso de ar puro do alto, onde gosto sempre de fazer uma caminhada de desentorpecimento das pernas e do nariz...


Noite limpida, céu estrelado e boa disposição,...até à fronteira é um saltinho. Pouco depois de Vilar Formoso Pé_de_Vento resolve que é chegada a hora de se estender ao comprido entre lençóis e descansar do trabalho das festividades natalícias, que a família é curta e pouco contributiva mas "exigente".


E lá fui eu, com uma noite e estrada convidativa, mais 400 km ao toque de rádio e com o barulho das luzes, numa marcha constante entre os 120 e 140 km/h até já depois de Burgos, na primeira área de serviço da autovia Basca ter encontrado, à direita, o poiso certo para me entregar ao descanso da noite, agora que a digestão estava feita e já não havia gasóleo para mais...eram cerca de 03 horas da madrugada.


E a noite soberba e fria!


Faço o primeiro ensaio geral da chaufagem, leio o livro de instruções e pouco depois, estou verdadeiramente encantado a dormir o sono dos justos.



De manhã,...em boa verdade já passava do meio-dia,.. a primeira grande surpresa da viajem: Travel Van está coberta de gelo e neve,...e que quentinho que é lá dentro,nem se dá por nada!



Hoje, é fazer caminho até Carcassone...

Castelo de Vide,em perspectiva domingueira

FDS_04.10.08 - Dia_3


É tempo de iniciar o caminho de regresso a casa, são passados três dias em ambiente tranquilo e repousante, Portagem, Marvão, Castelo de Vide e o Parque Natural da Serra de São Mamede, são lugares aparentemente dourados e com tudo para serem felizes os industriais de turismo com investimentos na região, o que verdadeiramente parece não acontecer. Apesar de serem lugares de eleição para quem faz das férias, uma oportunidade de descanso, que obviamente, como as demais necessidades, é preciso senti-la!
Diz-se que trabalhamos pouco e mal , o que em minha opinião, é muito consistente com a energia e vitalidade demonstrada e desbaratada pela esmagadora maioria de nós ( e não só), entre a agitação das multidões que sempre se norteiam a sul, nesses poucos dias do ano com direito ao repouso.





Castelo de Vide é uma vila com uma ambiência algo estranha no contexto da arquitectura alentejana, é a expressão mais ou menos dissimulada, da presença de uma cultura diferente, com uma economia mais mercantil, menos ligada á terra, menos agrícola. O estabelecimento da Inquisição e a expulsão dos judeus de Espanha por Fernando e Isabel, contribuíram para o crescimento da judiaria de Castelo de Vide, que mantém na arquitectura e toponímia das suas ruas o testemunho dessa presença, algo que a coloca fora do traço identitário que se respira nas vilas alentejanas, e lhe empresta um ar diferente, misterioso, de uma história de vicissitudes quase imperceptível.









Portas,mais portas, que fecham e se fecham ao exterior,...






,janelas, só em pisos superiores...






A sugestiva "Sombrinha"






Castelo de Vide



Uma janela de liberdade






E a liberdade de estacionar, responsávelmente, como se observa sem qualquer razão para uma discriminação negativa, nem necessidade de "falso-privilégio" de estacionamento em lugar exclusivo para autocaravana.

Fim-de-semana de três dias, no lugar certo,com as condições ideais, são quanto basta para recuperar energias e ficar preparado para mais uma dura temporada de trabalho intenso,que se aproxima até ao fim de ano, época com destino marcado para a Côte d´azur, em autocaravana.



Dizer Não

Diz NÃO à liberdade que te oferecem, se ela é só a liberdade dos que ta querem oferecer. Porque a liberdade que é tua não passa pelo decreto arbitrário dos outros.




Diz NÃO à ordem das ruas, se ela é só a ordem do terror. Porque ela tem de nascer de ti, da paz da tua consciência, e não há ordem mais perfeita do que a ordem dos cemitérios.




Diz NÃO à cultura com que queiram promover-te, se a cultura for apenas um prolongamento da polícia. Porque a cultura não tem que ver com a ordem policial mas com a inteira liberdade de ti, não é um modo de se descer mas de se subir, não é um luxo de «elitismo», mas um modo de seres humano em toda a tua plenitude.




Diz NÃO até ao pão com que pretendem alimentar-te, se tiveres de pagá-lo com a renúncia de ti mesmo. Porque não há uma só forma de to negarem negando-to, mas infligindo-te como preço a tua humilhação.




Diz NÃO à justiça com que queiram redimir-te, se ela é apenas um modo de se redimir o redentor. Porque ela não passa nunca por um código, antes de passar pela certeza do que tu sabes ser justo.




Diz NÃO à verdade que te pregam, se ela é a mentira com que te ilude o pregador. Porque a verdade tem a face do Sol e não há noite nenhuma que prevaleça enfim contra ela.




Diz NÃO à unidade que te impõem, se ela é apenas essa imposição. Porque a unidade é apenas a necessidade irreprimível de nos reconhecermos irmãos.




Diz NÃO a todo o partido que te queiram pregar, se ele é apenas a promoção de uma ordem de rebanho. Porque sermos todos irmãos não é ordenanmo-nos em gado sob o comando de um pastor.




Diz NÃO ao ódio e à violência com que te queiram legitimar uma luta fratricida. Porque a justiça há-de nascer de uma consciência iluminada para a verdade e o amor, e o que se semeia no ódio é ódio até ao fim e só dá frutos de sangue.




Diz NÃO mesmo à igualdade, se ela é apenas um modo de te nivelarem pelo mais baixo e não pelo mais alto que existe também em ti. Porque ser igual na miséria e em toda a espécie de degradação não é ser promovido a homem mas despromovido a animal.




E é do NÃO ao que te limita e degrada que tu hás-de construir o SIM da tua dignidade.




Vergílio Ferreira, in 'Conta-Corrente 1'

Mais Fé na Democracia Portuguesa


25.06.2009 - 07h27 Sofia Rodrigues

Projecto de lei do PSD

PS vai chumbar novas regras para autocaravanas

25.06.2009 - 07h27 Sofia Rodrigues

"Não podem estacionar em todo o lado que lhes apetece, mas só se pode proibir quando há alternativas", justificou o deputado Mendes Bota, autor do projecto de lei. É proposta ainda a criação de infra-estruturas de apoio nas estações de serviço de maior dimensão, onde os turistas possam, por exemplo, descarregar a caixa de esgotos do veículo.

Apesar de considerar o princípio de regulação louvável, o PS não vai deixar passar o projecto, argumentando que não há necessidade de legislar sobre a matéria. "Pode haver problemas de fiscalização, mas não sentimos necessidade de criar legislação específica até porque os veículos não estão discriminados no Código da Estrada", afirmou ao PÚBLICO a deputada do PS".
Isabel Jorge.
In Jornal Público, hoje
Com esta notícia melhorámos a nossa fé na democracia portuguesa, e daqui endereçamos um voto de felicitações e congratulação ao grupo parlamentar do PS, por esta tomada de posição,... em boa hora!

Estrada Para a Cidadania!?

Vejamos:



1.Que dizer de um lugar de estacionamento exclusivo para ac´s que pode ser ocupado durante 72 horas consecutivas, senão que é um parqueamento ? (mesmo para um simples automóvel)
Que só funcionará com a devida rotatividade se fôr severamente taxado por hora!

2.Obviamente implanta uma situação de policiamento generalizado, toda a regra em que a norma é a proibição (no caso de estacionamento) !
E de nada vale acrescentar que se no caso de estar o EEA cheio, se pode estacionar no domínio publico…porque entre o momento que abandona a sua AC, e o momento em que volta, poderá haver muitos momentos com lugares livres e muitos policias a passar por lá.

3. O mais grave: reduz direitos de cidadania porque quando homens livres abdicam dos seus direitos, como única forma de pôr cobro a abusos de outros, é toda sociedade que regride!
... qualquer coisa como o governo vir declarar o Estado de Sítio definitivo, porque não encontra outra forma de acabar com uma onda de assaltos que avassala o país! Não é possível concordar com isto!
Concluindo,
Razões de sobra para preocupar quem pensa respeitar a Lei, outros porventura pensarão que a Lei não se aplica a eles,…